Cedeca Ceará sediou a visita do grupo de trabalho sobre detenção arbitrária das Nações Unidas (ONU) em Fortaleza

Um grupo de trabalho (GT) formado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos está em missão no Brasil até o final de março. Além da reunião na sede do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca), em Fortaleza, realizada no dia 20, eles visitarão São Paulo, Campo Grande e Rio de Janeiro. O GT já esteve em Brasília. A visita tem como principal objetivo investigar denúncias de detenção arbitrária, analisar a realidade da privação de liberdade no sistema brasileiro e o acesso à Justiça.

Durante a visita ao Ceará, os representantes da ONU reuniram-se com organizações da sociedade civil e foram a duas unidades penitenciárias. Os especialistas permanecem no país por duas semanas e, nesses dez dias de visitas ao sistema penitenciário de algumas cidades brasileiras, o grupo estará em prisões, delegacias, centros de detenção para migrantes e instituições psiquiátricas para verificar as condições reais desses espaços.

O trabalho está sendo visto como uma oportunidade para um contato maior entre a ONU e autoridades dos poderes legislativo, executivo e judiciário, como também, de organizações da sociedade civil. O grupo nomeado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU tem a frente Roberto Garretón, do Chile, e Vladimir Tochilovsky, da Ucrânia. O relator-chefe do grupo, o qual conta com cinco especialistas, é El Hadji Malick Sow, do Senegal. Os outros são da Noruega e do Paquistão.

No Ceará, cerca de dez dias antes da visita dos representantes da ONU, 13 presos foram assassinados nas Casas de Casas de Privação Provisória de Liberdade (CPPLs). Oito detentos foram queimados vivos e asfixiados pela fumaça. Desse modo, a visita acontece em um momento bastante oportuno, tendo em vista que o clima no sistema penitenciário está tenso por causa da série de mortes que vem ocorrendo.

De acordo com a coordenadoria da Pastoral Carcerária, outros dez presos tentam sobreviver a intoxicações e a graves queimaduras. O coordenador da Pastoral Carcerária, padre Marcos Passerini. Homero Ribeiro, da Rede Nacional de Advogados Populares (Renap), informa que existe uma série de relações consideradas graves. Sobre essa situação, a assessora jurídica do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca), Talita Maciel, salienta que foi importante o grupo ouvir o que a sociedade civil cearense tem a dizer, pois muitas dessas denúncias de torturas e maus-tratos, que vêm sendo feitas ao longo dos anos, não contam com retorno a contento por parte do poder público.

No dia 28 de março, o grupo divulgará as conclusões preliminares da visita, através de uma entrevista coletiva para a imprensa, no Complexo da ONU Sérgio Vieira de Mello, em Brasília. O relatório final só será apresentado na reunião do Conselho dos Direitos Humanos em 2014 e nele deve constar a elaboração de um documento sobre detenções arbitrárias no país com apontamentos preliminares da visita.
 

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