Por que a vida da menina não conta?

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Nos últimos dias, acompanhamos a saga de uma criança para conseguir o acesso à interrupção legal da gravidez. Há, nesses casos, dois quesitos garantidos em lei: gravidez provocada por estupro e gravidez de risco em razão da idade e desenvolvimento físico.

É espantoso que pessoas ditas “defensores da vida” descartem completamente a vida desta garota, vítima de violência sexual prolongada por 4 anos e que tinha como seu algoz alguém próximo da família. Por que a vida desta menina não conta? O que significa tentar obrigar uma garota a levar adiante uma gravidez que coloca em risco sua própria existência? Onde estão estes defensores quando o movimento em defesa da infância luta para debater violência sexual nas escolas?

Só em 2019, foram pelo menos 17 mil denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil (Dados do Disque 100). São quase dois casos por hora. Esse quadro, sim, é grave! No entanto, muitas são as vítimas que sequer conseguem denunciar, por medo de ameaças do seu agressor.

Faltam políticas de Estado para resguardar as vítimas, em sua maioria meninas. Precisamos prevenir e enfrentar juntos a violência sexual, por meio de um debate fraterno, amplo e solidário que envolva toda a sociedade. Enquanto alguns grupos lutam para tirar das escolas debates como violência e questões de gênero, milhares de crianças seguem abusadas dentro de seus lares, sem ter como se defender. São essas vítimas que precisam do nosso apelo, vigília e ação.

Mara Carneiro é coordenadora geral do CEDECA Ceará

(Ponto de Vista do Cedeca Ceará no Jornal O Povo | 18/08/20)

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