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CEDECA Ceará lança Nota Técnica sobre violação de direitos de crianças e adolescentes

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), uma das legislações mais sólidas e importantes do país, determina que os direitos de todas as meninas e meninos devem ser garantidos com absoluta prioridade. Porém, as evidências mostram que essa urgência para cuidar e garantir direitos não está sendo cumprida. De acordo com levantamento e análise do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente – CEDECA Ceará, o investimento em segurança pública no estado é maior do que o investimento em proteção da vida de crianças e adolescentes. Violências como falta de assistência adequada em saúde mental, homicídios, educação excludente e mortes por intervenção policial estão entre as mais graves e letais.  A análise pode ser lida na Nota Técnica disponível  aqui.

A cada 48h uma criança ou adolescente é vítima de homicídio no Ceará

O Ceará, de acordo com o monitoramento realizado pelo CEDECA Ceará que utiliza como fonte a base estatística de Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLI) da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social – SSPDS do Ceará, em 2022 contabilizou 304 homicídios de crianças e adolescentes entre 0 e 18 anos. Desse número, sendo 37 meninas e 267 meninos.

De janeiro a agosto de 2023, foram assassinadas 165 crianças e adolescentes no Ceará, isso significa que cotidianamente a cada de 48h uma criança ou adolescente é vítima de homicídio no estado. Nos últimos 06 anos, no período de 2017 a 2022, foram assassinadas 2.907 crianças e adolescentes no Ceará.

Crianças e jovens negros são as principais vítimas de homicídio no Brasil

Os dados da SSPDS não trazem o recorte racial das vítimas, mas o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023 aponta que 76,9% das mortes violentas intencionais no país foram de pessoas negras, que continuam representando as principais vítimas da violência no país. Considerando a faixa etária, 50,3% das vítimas em 2022 eram adolescentes e jovens com idade entre 12 e 29 anos.

Mortes de crianças e adolescentes por intervenção policial

O Ceará está entre os estados mais violentos do Brasil nas últimas décadas. De 2013 a 2022 ocorreram aqui 1.229 mortes por intervenção policial, estatísticas da SSPDS sistematizadas pelo CEDECA Ceará. As ocorrências cresceram ano a ano, ao comparar os dados dos anos de 2013 e 2022, houve um aumento de 270,73% de mortes por intervenção policial. Não há por parte da SSPDS um detalhamento sobre o perfil das vítimas de intervenção policial em relação à idade, raça, gênero ou território, mas é de conhecimento público casos em que crianças e adolescentes foram mortas por policiais no Ceará nos últimos anos.

A insuficiência de CAPS Infantil em Fortaleza e a demora no atendimento

Fortaleza apresenta um déficit de 13 Centro de Atenção Psicossocial Infantil (CAPSi). O município conta atualmente com 16 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e destes apenas três são CAPS Infantis. Segundo a Portaria Nº 3.088, de dezembro de 2011, os CAPSi devem estar presentes em regiões com população acima de 150.000 habitantes, considerando que Fortaleza é um município com população de 2.428.678, de acordo com o Censo de 2022, deveria haver 16 CAPSi na cidade.

O número reduzido de CAPSi impacta diretamente no tempo e na qualidade no atendimento prestado. Em 2023, em resposta a ofício enviado pelo CEDECA Ceará, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) encaminhou dados sobre a quantidade de atendimentos e fila de espera de dois dos CAPS Infantis. Os dados mostram uma alta quantidade de atendimentos, assim como de fila de espera. A SMS informou ainda que o tempo médio de espera para o primeiro atendimento é de 6 meses.

O público atendido nesses equipamentos de saúde são crianças e adolescentes em sofrimentos psíquicos e transtornos mentais severos e persistentes. Sujeitos em desenvolvimento e que a falta de cuidados e acompanhamento em saúde mental podem gerar danos e consequências permanentes em suas vidas.

Direito à educação é negado para 55 mil crianças e adolescentes do Ceará

O direito básico à educação não se resume apenas ao acesso à matrícula, garantir o direito à educação de crianças e adolescentes é também garantir o acesso, a permanência e o padrão de qualidade. A não garantia desse direito de forma plena afeta diretamente na permanência do aluno na escola.
No Ceará, 55 mil crianças e adolescentes de 4 a 17 anos estavam fora da escola, no ano de 2022, de acordo com a PNAD Contínua – IBGE. No município de Fortaleza, a exclusão escolar atinge 24 mil crianças e adolescentes.

A escola tem um papel social muito importante, o espaço da escola é pertencente às comunidades em que estão e o estado deve garantir que a política educacional esteja integrada às demais políticas como assistência social, cultura e saúde integral.

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Ceará gastou com alimentação escolar menos do que recebeu da União

Em Nota Técnica, dados levantados pelo CEDECA Ceará apontam que o Governo do Estado gastou com alimentação escolar menos do que recebeu da União.

A Nota Técnica Alimentação de qualidade: direito do/a estudante, dever do Estado tem como objetivo analisar a efetivação do direito à alimentação escolar no estado do Ceará, para isso foram tomadas como referência as leis orçamentárias, suas execuções e a Resolução nº 26, de 17 de junho de 2013, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE, por ser o instrumento que regulamenta o atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação básica brasileira, no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE.

A análise está dividida em 5 partes: em um primeiro momento, é discutida a educação como direito humano, no segundo, há uma breve contextualização da educação básica no estado do Ceará. No terceiro tópico consta uma abordagem sobre o gasto público com a educação no orçamento do estado do Ceará, com foco na alimentação escolar. A quarta parte é composta por uma discussão sobre o PNAE e por fim, na última parte, há um exercício para que as escolas possam mensurar se a qualidade da alimentação escolar tem sido garantida.

Responsabilidades não cumpridas

Como primeira resposta às mobilizações, o Governo do Estado emitiu nota afirmando que o valor de R$ 0,31 para merenda por estudante é de única responsabilidade do PNAE, e, portanto, de repasse de recursos federais. Dessa forma, significa que não há atualmente contribuição financeira do Estado do Ceará no que diz respeito à alimentação escolar. No entanto, posteriormente, o Governador anunciou um pacote R$ 150 milhões em investimentos para manutenção das unidades e incremento na verba da merenda escolar. O pacote consiste no repasse imediato de R$ 32 milhões para reformar os colégios estaduais e R$ 6,4 milhões para complementar a merenda.

Dados levantados pelo CEDECA Ceará apontam que o Governo do Estado não investiu o valor mínimo para a merenda escolar, repassado pelo PNAE, entre janeiro e abril de 2016.

Do montante transferido do Governo Federal para o Estadual, R$ 3.173.532,00 (três milhões, cento e setenta e três mil e quinhentos e trinta e dois reais) são do PNAE e, dessa forma, destinam-se à ação de alimentação escolar. Entretanto, as ações relacionadas à alimentação escolar evidenciaram baixa execução no primeiro quadrimestre de 2016, ainda que financiadas por recursos federais e não por recursos do estado, desta forma, o Governo do Estado gastou com alimentação escolar menos do que recebeu da União.

Mais de 50 escolas ocupadas

Em menos de um mês, estudantes secundaristas do Ceará têm se mobilizado para ocupar escolas a favor de um objetivo único e urgente: educação pública de qualidade. São mais de 50 escolas ocupadas, até esta sexta-feira (20), que encontraram nessa estratégia de ação, potência e unidade para reivindicar pautas básicas para melhorias da escola e do ensino, como reformas na infraestrutura e qualidade da merenda escolar, principalmente.

Em visitas realizadas pelo CEDECA Ceará às escolas, foi possível perceber e ouvir dos estudantes uma série de denúncias sobre a violação do direito à educação, como a infraestrutura precária das salas de aula e dos espaços escolares, água contaminada em bebedouros, a suspensão de merenda escolar, alimentação escolar de má qualidade que não atende aos parâmetros do PNAE, a desvalorização dos professores e a demissão de profissionais terceirizados, dentre outras.

Pela defesa de direitos de crianças e adolescentes, inclusive pelo direito de sua livre manifestação quando há negação de direitos ou violações, o CEDECA Ceará está acompanhando o movimento dos/as estudantes secundaristas no intuito de fortalecer seu direito à participação e à educação, conforme preconizam os marcos legais vigentes.

Para acessar a nota na íntegra acesse:

http://www.cedecaceara.org.br/wp-content/uploads/2016/05/Nota-t%C3%A9cnica-educa%C3%A7%C3%A3o-2016-curvas.pdf

Escolas ocupadas no Ceará

1 CAIC MARIA ALVES CARIOCA – Bom Jardim – Fortaleza

2 ESCOLA POLIVALENTE – Juazeiro do Norte

3 EEFM JOÃO MATTOS – Montese – Fortaleza

4 COLÉGIO CASTELO BRANCO – Montese – Fortaleza

5 EEM GOVERNADOR ADAUTO BEZERRA – Bairro de Fátima – Fortaleza

6 EEFM JADER MOREIRA DE CARVALHO – Serrinha – Fortaleza

7 EEM MARIANO MARTINS – Henrique Jorge – Fortaleza

8 EEFM DOM ANTÔNIO DE ALMEIDA LUSTOSA – Edson Queiroz – Fortaleza

9 ESCOLA MARIA AMÉLIA BEZERRA – Juazeiro do Norte

10 EEFM IRAPUAN CAVALCANTE PINHEIRO – Conjunto Esperança – Fortaleza

11 LICEU DE MESSEJANA – Messejana – Fortaleza

12 EEFM DR. CESAR CALS – Farias Brito – Fortaleza

13 EEFM JOSÉ ALVES FIGUEIREDO – Crato

14 EEFM PADRE ROCHA – Fortaleza

15 EEFM MARECHAL HUMBERTO DE ALENCAR CASTELO BRANCO – Fortaleza

16 LICEU DO CRATO – Crato

17 LICEU DE MARACANAÚ – Maracanaú

18 EEFM ADAHIL BARRETO CAVALCANTE – Maracanaú

19 EEM PROFª: EUDES VERA – Maracanaú

20 EEFM MONSENHOR DOURADO – Padre Andrade – Fortaleza

21 EEFM ADALGISA BONFIM SOARES – Conjunto Esperança – Fortaleza

22 EEFM NOEL HUNGNEN DE O. PAIVA – Fortaleza

23 EEFM IRMÃO URBANO – Parque São José – Fortaleza

24 EEFM SENADOR OSIRES PONTES – Canindezinho – Fortaleza

25 EEFM JOÃO NOGUEIRA JUCÁ – Sapiranga – Fortaleza

26 EEFM HERÁCLITO DE CASTRO E SILVA – João XXIII – Fortaleza

27 EEFM JOSÉ BEZERRA DE MENEZES – Antônio Bezerra – Fortaleza

28 EEFM GENERAL EUDORO CORREA – Parangaba – Fortaleza

29 EEFM JOSÉ DE ALENCAR – Messejana – Fortaleza

30 ESCOLA POLIVALENTE MODELO DE FORTALEZA – José Walter – Fortaleza

31 LICEU DO CONJUNTO CEARÁ – Conj. Ceará I – Fortaleza

32 EEFM Dra. ALDACI BARBOSA – Conj. Palmeira – Fortaleza

33 EEFM WALTER DE SÁ CAVALCANTE – Cidade dos Funcionários – Fortaleza

34 EEFM DR. GENTIL BARREIRA UV2- Conj. Ceará – Fortaleza

35 EEFM JOSÉ MARIA CAMPOS DE OLIVEIRA UV8 – Conj. Ceará – Fortaleza

36 EEFM ANTONIETA SIQUEIRA – Jóquei Clube – Fortaleza

37 EEFM DEP. PAULO BENEVIDES – Messejana – Fortaleza

38 EEFM LOURENÇO FILHO – Crateús

39 EEFM PROF. TELINA BARBOSA DA COSTA – Messejana – Fortaleza

40 EEFM PROF. MÁRIO SCHENBERG – Vila Manoel Sátiro – Fortaleza

41 EEFM MARIA CONCEIÇÃO DE ARAUJO – Aranaú – Acaraú

42 EEFM PROF. ANTONIO ALBUQUERQUE DE SOUSA FILHO – Iguatu

43 EEFM PREFEITO ANTONIO CONSERVA FEITOSA – Juazeiro do Norte

44 EEFM DOM HELDER CÂMARA – Jardim Guanabara – Fortaleza

45 EEFM CAIC DOM ANTÔNIO CAMPELO – Juazeiro do Norte

46 EEFM JULIA ALVES PESSOA – Autran Nunes – Fortaleza

47 COLÉGIO ESTADUAL LICEU DE CAUCAIA – Caucaia

48 EEFM LAURO REBOUÇAS DE OLIVEIRA – Limoeiro do Norte

49 EEFM ESTADO DO PARANÁ – Montese – Fortaleza

50 EEFM MARIA MARGARIDA DE CASTRO ALMEIDA – Conj. Esperança – Fortaleza

51 EEFM DONA MARIA MENEZES DE SERPA – Vila Velha – Fortaleza

52 EEFM TENENTE MÁRIO LIMA – Maracanaú

53 EEM GOV. ADAUTO BEZERRA – Santa Tereza – Juazeiro do Norte

54 COLÉGIO ESTADUAL LICEU DO CEARÁ – Jacarecanga – Fortaleza

55 EEFM HERMÍNIO BARROSO – Padre Andrade – Fortaleza

56 EEFM RENATO BRAGA – Aldeota – Fortaleza


¹ O CEDECA comparou a Lei Orçamentária Anual do Ceará de 2016 (LOA) com os dados da execução orçamentária, entre janeiro e abril, e constatou que o Governo Estadual não tem executado, como o esperado para o período, os recursos federais para o desenvolvimento da alimentação escolar das várias modalidades de ensino estadual.

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