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Sociedade civil denuncia modelo de participação usado pelo governo do Ceará no PPA

CARTA PÚBLICA SOBRE O PROCESSO PARTICIPATIVO DA CONSTRUÇÃO DO PLANO PLURIANUAL 2024-2027 DO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ

As entidades da sociedade civil abaixo assinadas vêm a público denunciar o modelo de participação social realizado pelo Estado do Ceará para a construção do Plano Plurianual 2024- 2027. Em junho de 2023, o governo do Estado do Ceará lançou o PPA Participativo para elaboração deste plano, a partir da realização de 14 encontros regionais, com início em 21 de junho e término em 27 de julho de 2023.

Vivemos outro contexto do nosso país, e exigimos o aprofundamento, sem demora, da nossa democracia. Amargamos dias de retrocessos profundos com esse último desgoverno em nível federal. Não temos tempo a perder para recuperar os espaços de participação, mas que eles possam ser de verdade, que aconteçam com o objetivo de ver a população cada vez mais inteirada dos seus direitos e da fruição dos mesmos. Que tenhamos parte efetiva no recurso
público, que essa disputa de prioridades venha transformar a realidade de acessos do nosso povo.

Portanto, começamos a crítica a esse processo estadual sinalizando que a divulgação/mobilização para participação nas plenárias não possibilitou a participação efetiva da população. Um processo que se pretende participativo, deveria ter ao menos uma divulgação massiva e de fácil acesso.

O que ficou evidente na plenária ocorrida no dia 21/07, em Fortaleza, é que este não foi um processo participativo popular. Tínhamos uma presença em maior quantidade de agentes do Poder Público, com as presenças marcantes das polícias: civil, militar, bombeiro e agentes penitenciários, inclusive alguns na função de coordenação dos grupos de trabalho. Como participar diante deste cenário? Qual participação o governo quer de fato fortalecer? A que se
presta a participação tão eloquente desses atores?

Fortaleza e região metropolitana, com mais de 3,9 milhões de habitantes, teve uma participação pequena da sociedade civil na plenária da região, e ainda constrangida pela forte presença dos agentes públicos nos Grupos de Trabalho. Além disso, os eixos apontados para o PPA não tiveram qualquer participação social e juntaram muitas demandas em poucos eixos, o que, no fim, dificultou a priorização.

Apresentamos, pois, que esse espaço não refletiu a participação popular real para construção de prioridades para o orçamento do governo nos próximos 4 anos. E, sem participação, sabemos que amargaremos mais anos de um orçamento que não inclui historicamente as populações periféricas, negras, quilombolas, pessoas com deficiência,

LGBTQIAP+, povos do campo e do mar. Quem realmente se importa com a participação do povo, tomando parte do que é seu e disputando o orçamento do Estado do Ceará para as demandas que efetivamente fazem a diferença para a população e a justiça social, deve abrir espaços que de fato sejam capazes de construir poder popular e não investir neste tipo de participação.

Apresentamos a seguir os obstáculos que percebemos para a garantia da participação
real:

1. As Plenárias Regionais com pouquíssimo tempo real de discussão, de aproximadamente 1 hora, o que para um grupo de 40 pessoas, se todos
desejassem falar teriam somente 1 minuto e meio de fala;

2. A própria participação foi prejudicada com divulgação precária, mudança de local poucos dias antes e divulgação do local definitivo somente na noite
anterior ao evento, por e-mail, para as pessoas inscritas. Quando chegamos observamos que aproximadamente 80 por cento dos presentes eram pessoas
ligadas ao governo, entre servidores e agentes de segurança pública;

3. Modelo de participação social indicado pelo Estado sem diálogo com os movimentos, coletivos e organizações sociais;

4. A metodologia utilizada foi aligeirada, suspendendo as discussões e debates que eram fundamentais na apresentação das diretrizes nos grupos temáticos
organizados no encontro, como previsto no documento de metodologia dos encontros regionais disponibilizados no site;

5. Outra grave questão foi percebida durante a realização do encontro na capital do Estado, a presença massiva e ostensiva dos agentes de segurança pública, sobretudo no grupo temático sobre Segurança pública e acesso à Justiça. A participação dos agentes gerou intimidação, desconforto e insegurança
principalmente pelas interrupções constantes que eram feitas nas falas e propostas que organizações, coletivos e movimentos sociais apresentavam. A condução do próprio grupo temático também foi realizada por um agente de segurança pública, gerando uma militarização do direito à participação;

6. Outra questão problemática nesse processo é a centralidade do processo de participação social através da plataforma digital para a votação e sugestão das propostas de diretrizes. Apesar da plataforma ser apresentada como uma ferramenta que amplia a participação, temos uma realidade no Estado do Ceará que aponta a falta de acesso a internet de cerca 736.600 domicílios cearenses, segundo dados de 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc);

7. Para completar tivemos a conclusão do processo pela plataforma digital. Aí começam mais problemas pois ao acessar a plataforma, só é possível visualizar as propostas cadastradas pela sua respectiva região, não sendo possível visualizar as propostas cadastradas no âmbito de todo Estado do Ceará; no momento da votação, não é possível visualizar o quantitativo de votos de cada proposta, o que torna o processo nada transparente; além disso, ao sugerir novas propostas – limitadas a apenas 3 – as mesmas não são incluídas no rol de propostas para serem votadas. Como serão consideradas as propostas sugeridas na plataforma se o critério para se considerar as propostas na construção do PPA é o quantitativo de votos das mesmas?

8. Todos tinham entendido que a priorização seria de 6 diretrizes em cada eixo, mas qual não foi a surpresa ao ver que deveríamos escolher as 6 dentre todos os 4 eixos. São mais de 24 áreas, com mínimo de 6 propostas em cada uma, que impactam diretamente na vida da população e pudemos sinalizar somente 6 pontos, sem qualquer transparência do número de votos em cada um dos pontos.

Não podemos aceitar a narrativa que o PPA 2024-2027 foi construído de forma participativa. Reivindicaremos até o fim as propostas que enfrentam o racismo e o aprofundamento da miséria do nosso povo.

Exigimos que o governo possa ampliar seus canais de disponibilização para a população de acompanhamento das políticas públicas, do monitoramento orçamentário e da priorização de execução das ações. Exigimos transparência, inclusive com esse processo do PPA, pois não temos nem mesmo a informação de um processo virtual sobre o número de votos para cada proposta. Como saberemos quais as propostas foram mais votadas, e que prioridades
serão eleitas?

O papel que as organizações e os movimentos de direitos humanos historicamente assumiram em defesa da democracia nos coloca alinhados com os processos de democratização do estado e aprofundamento da participação, portanto nos colocamos ao lado de iniciativas como estas, tendo clareza do desafio, mas sempre acreditando que esse é o caminho para o enfrentamento das desigualdades em nosso estado.

Seguiremos, portanto, junto aos espaços de participação, como conselhos e fóruns de discussão demandando uma política transparente e que permita de fato a participação popular. Nenhum passo atrás. Avançaremos em passos ligeiros!

Organizações, coletivos e movimentos sociais que assinam:

Articulação em Apoio à Orfandade de Crianças e adolescentes por covid-19 – AOCA
Associação Grupo de Apoio às Comunidades Carentes – AGACC
Centro de Apoio a Mães e Pais de Portadores de Deficiência – CAMPE
Centro de Defesa da Criança e do Adolescente – CEDECA – Ceará
Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza – CDVHS
Coletivo Alium Resistência
Coletivo Meraki do Gueto
Coletivo Vozes de Mães e Familiares do Sistema Socioeducativo e Prisional do Ceará
Fórum Cearense de Mulheres/Articulação de Mulheres Brasileiras.
Fórum da Cultura Bom Jardim
Fórum Permanente de Organizações Não governamentais em Defesa dos Direitos da Criança
e do Adolescente – Fórum DCA
Frente de Luta por Moradia Digna
Frente Estadual pelo Desencarceramento do Ceará
Fundação Marcos de Bruin (FMB)
Instituto de Mulheres Negras- INEGRA Ceará
Laboratório de Estudos de Conflitualidade e Violência- COVIO/UECE
Movimento dos Conselhos Populares – MCP (Núcleo Pici)
Movimento pela Vida de Pessoas Encarceradas do Ceará
Núcleo Cearense de Estudos e Pesquisa Sobre a Criança – NUCEPEC/ UFC
Pastoral do Menor RNE1
Projeto Criança Feliz
Rede de Mulheres Negras do Ceará
Rede DLIS do Grande Bom Jardim
Resistência Vila Vicentina
Revolução, Vida, Direitos Humanos e Educação (COLETIVO REVIDE)
Tambores de Safo

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Adolescentes e jovens vão elaborar propostas para o orçamento 2021

E se o orçamento fosse nosso? E se todo mundo fosse chamado para pensar juntos e juntas as políticas públicas prioritárias em que o Poder Público deve fazer investimentos? O fim do ano se aproxima e, com ele, a votação da Lei Orçamentária Anual (LOA) pelo Legislativo. Pensando em envolver mais pessoas para fazer propostas ao orçamento estadual  de 2021, o CEDECA Ceará e o Fórum DCA vão reunir adolescentes e jovens para  discutir o tema.

Podem participar das formações “Se o orçamento fosse nosso” adolescentes e jovens que integram coletivos, grupos, articulações, redes, fóruns, etc, comprometidos com a defesa de direitos em Fortaleza, Região Metropolitana e Interior do Ceará. 

Os encontros acontecem nos dias 26/10, 03/11 e 09/11 pela internet, por meio do aplicativo Google Meet. Haverá emissão de certificado. Vem com a gente entender melhor sobre orçamento público e pensar propostas. 

Inscreva-se por meio de formulário aqui:

https://docs.google.com/forms/d/1a1aMGJ9d2cfKxlRVmb7qwnFSFTi89R-RLx3-RVmOgWA/edit?ts=5f89cbe4&gxids=7757

Durante três encontros, serão discutidos temas de orçamento público e sua relação com a garantia de direitos em nosso Estado. Analisaremos um dos principais instrumentos de gestão que será votado ainda este ano para a execução de políticas públicas em 2021: a Proposta de Lei Orçamentária Anual (PLOA) do Governo do Estado. 

A ideia da formação é, ao fim do processo, elaborar estratégias de incidência para que o orçamento contemple políticas públicas efetivas para a garantia de direitos. 

Os encontros acontecerão das 18h às 20h, de acordo com o cronograma:

26/10 – Formação sobre Orçamento Público

03/11 – Análise da Proposta de Lei Orçamentária Anual (PLOA)

09/11 – Elaboração de emendas e incidência

Será emitido certificado de participação ao final do processo e enviaremos um kit com material de formação físico para o seu endereço (por favor, preencha a sessão “Endereço” corretamente no formulário).

Entenda mais sobre o ciclo orçamentário

No fim de 2019, o CEDECA Ceará produziu uma série de postagens para redes sociais em que verbetes ligados ao orçamento público foram explicados de modo simples. Relembre dois deles:

Orçamento Público

Sem campo não tem jogo. Sem orçamento público não tem como estimar receita (de onde vem o dinheiro) nem fixar despesa (para onde o dinheiro vai). Numa partida, o técnico escala os/as melhores do time para a decisão, sem deixar área descoberta. No orçamento, o gestor escolhe, a cada fim de ano, os setores que vão ser priorizados no ano seguinte. Saúde, educação, assistência social, esporte e lazer, cultura, quem vai receber mais dinheiro? 

Participação

Participação é quando ninguém fica de fora na partida pela garantia de direitos. No jogo da vida real, ninguém quer ficar só na torcida. É lembrar que um time se faz com uma diversidade de jogadores, em várias funções. Afinal, o time todo tem que correr pra bola chegar no artilheiro. Participar é um direito nosso e também uma forma de garantir, conquistar outros. A Lei de Responsabilidade Fiscal prevê audiências públicas antes de o orçamento ser votado. Que tal, seu prefeito, reunir a juventude, a galera toda das comunidades para saber as prioridades das pessoas para o orçamento? Orçamento sem participação é reflexo das ideias só da comissão técnica. Tá faltando vaga em creche, tá faltando CRAS, tá faltando Caps Infantil. Onde a gente se reúne pra mudar a tática e virar esse placar?

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Trup’irambu comemora dois anos com planejamento participativo

Adolescentes e jovens do grupo de teatro político TRUP’IRAMBU realizaram no sábado (16/02) seu planejamento anual e comemoraram dois anos de formação do coletivo. O TRUP’IRAMBU, grupo acompanhado pelo CEDECA Ceará, se reúne semanalmente no bairro Pirambu, em Fortaleza, em atividades de formação política e arte. As atividades contam com apoio da KNH.

Este é o segundo ano que o CEDECA auxilia o grupo em um planejamento participativo das atividades anuais. Desta vez, o mote da atividade foi a pergunta “Como eu pinto meu TRUP’IRAMBU?”. Os jovens foram convidados a desenhar, por meio da metáfora do corpo, como veem o grupo. “Eles/elas partilharam os desenhos e a partir daí cada um construiu um corpo coletivo. Foi feita uma reflexão se os ‘pés’ estavam em contato com a ‘cabeça’, ou seja, com os ideais”, explica Efferson Mendes, artista-pesquisador e assessor técnico do CEDECA Ceará.

Entre as propostas para este ano, os/as participantes apontaram uma maior atuação em escolas da região, realização de saraus e até a montagem de um espetáculo. “Esse planejamento mostra o quanto o grupo tem amadurecido. Foi um momento importante para parar e reforçar essa identidade”, aponta Efferson.

Ciranda continua – Próximo dia 16/03 será a vez do grupo Tambores do Gueto, do Bom Jardim, realizar seu planejamento participativo. TRUP’IRAMBU e Tambores do Gueto integram as atividades do projeto “Essa ciranda é de todos nós: pela defesa do direito à proteção de crianças e adolescentes”, vencedor nacional da 13ª edição do Prêmio Itaú-Unicef

Entenda mais sobre como são realizadas as atividades do TRUP’IRAMBU

https://www.opovo.com.br/jornal/cidades/2018/10/os-exemplos-dos-projetos-cearenses-para-a-juventude.html

Saiba mais sobre participação de crianças e adolescentes nesta publicação do CEDECA Ceará

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