Carta do CEDECA Ceará em defesa da vacinação infantil contra a Covid-19
A Covid-19 encheu de luto mais de 600 mil famílias brasileiras. Milhares de histórias de vidas foram interrompidas em um país em que faltaram estratégia, prevenção e comando federal no enfrentamento ao vírus e às consequências sociais e econômicas da pandemia.
Entre as vidas humanas perdidas entre 2020 e 2021 para a Covid-19, mais de 2.500 tinham entre 10 e 19 anos. Se considerarmos apenas a faixa etária de 5 a 11 anos, foram 317 mortes. Esse número sobe para 799 quando incluímos todas as mortes causadas por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) sem especificação, ou seja, quando a vítima morreu de infecção respiratória, mas sem que tenha havido diagnóstico sobre o vírus que levou à morte.
O Brasil iniciou no dia 14 de janeiro a vacinação entre crianças de 5 a 11 anos. A aplicação da dose pediátrica nessa faixa etária foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde o dia 16 de dezembro.
Vacinar nossas crianças, em todos os lugares do País, portanto, é um ato necessário de amor e prevenção contra essa grave doença. É também um direito garantido a meninos e meninas no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei Federal 8069/90) e um dever de pais, responsáveis, comunidades e de toda a sociedade.
Nosso País é citado como exemplo mundial de sucesso na prevenção de doenças por meio do Plano Nacional de Imunização (PNI). Crescemos com cadernetas de vacinação sempre em dia. Campanhas no rádio e televisão incentivaram as famílias a comparecer ano após ano aos postos de saúde, atitude que possibilitou erradicar doenças como o sarampo e a poliomielite.
Não acredite em notícias falsas que você recebe no celular nem em pessoas que espalham medo na população contra as vacinas. Precisamos mobilizar todos, todas e todes para disseminar informações corretas, de fontes sanitárias confiáveis, sobre a vacinação contra a Covid-19.
O Centro de Defesa da Criança e do Adolescente do Ceará (CEDECA) Ceará, em face de sua missão institucional, não pode se calar diante da desinformação, da disseminação de notícias falsas, inclusive feita aberta e repetidamente pelo presidente da República. Repudiamos também a recusa do Governo Federal em apoiar massivamente a vacinação e a negligência no transporte dos imunizantes, dificultando assim a vacinação de meninos e meninas.
Defendemos o acesso amplo ao cadastramento das crianças para a vacinação; a disseminação de informações corretas e a garantia de que todas as crianças, especialmente as mais pobres, moradoras de periferias e zonas rurais sejam contempladas pela ação direta dos poderes públicos estadual e municipais, inclusive com a estratégia de busca ativa para acesso a direitos.
Por causa das campanhas negativas, muitas famílias seguem com medo e desinformadas sobre a importância da vacinação. Esse sentimento das famílias é compreensível, diante do quadro difícil do debate público que atravessamos. É natural termos dúvidas, principalmente quando somos diariamente bombardeados por tanta informação.
Mas é preciso lembrar o principal: as vacinas são seguras e foram aprovadas por diversas agências de vigilância sanitária mundo afora, inclusive pela agência brasileira, a Anvisa.
Pelo menos 44 países já iniciaram a vacinação contra a Covid-19 de crianças na faixa etária dos 5 aos 11 anos. Dentre os continentes, a Europa conta com o maior número de países que já iniciaram a vacinação entre crianças de 5 a 11 anos, com 20 nações. América, Ásia e Oceania também já começaram a imunização nessa faixa.
Está provado, especialmente nesta terceira onda da doença, que vacinas evitam casos graves da Covid, hospitalizações e mortes. Crianças também podem adoecer gravemente, serem hospitalizadas e até morrer de Covid-19. Levar nossas crianças para serem vacinadas é um ato necessário de proteção individual e coletiva.
Cite-se ainda a fala do presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Marco Aurélio Sáfadi, em entrevista recente à imprensa. “Nenhuma doença hoje no Brasil acomete tantas crianças de forma grave como a Covid-19. Nenhuma outra doença passível de prevenção por vacinas vitimou tantas crianças brasileiras”, destacou Marco Aurélio para reforçar que a vacinação em crianças é prioritária.
Crianças e adolescentes são prioridade absoluta, conforme prevê o ECA. Que a vacinação de nossas crianças nos encha de esperança para superarmos esse momento tão conturbado de nossas vidas. Vacina é cuidado, amor, proteção!
Conhece alguém que precisa ter acesso a essas informações? Compartilhe nossa carta na íntegra:
REFERÊNCIAS DAS INFORMAÇÕES CONTIDAS NA NOTA (POR ORDEM DE CITAÇÃO)
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-59969092
Nota da Sociedade Brasileira de Pediatria:
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/carta-divulgacao-sbim-sbi-sbp-anvisa.pdf