“E por acaso nós não somos mães?!”, questiona o ato que vai cruzar as ruas do Centro de Fortaleza na véspera do Dia das Mães.
Na semana em que olhares e corações se voltam para o Dia das Mães, um grupo de mulheres e familiares vai às ruas em Fortaleza para falar de outra emoção que move a luta por vida e liberdade de seus filhos e filhas. Neste sábado (13/05), o Coletivo Vozes de Mães e Familiares do Socioeducativo e Prisional realiza a terceira edição do Travessia, com apoio de diversos coletivos, movimentos e organizações parceiros.
A concentração para a Travessia acontece às 8h30 na praça do Ferreira, de onde os participantes seguem em caminhada em direção à praça Murilo Borges, onde acontecem apresentações culturais. O evento é um chamado do coletivo Vozes de Mães e Familiares do Socioeducativo e Prisional, que há 10 anos pauta a luta por garantia de direitos e dignidade à vida nos espaços de privação de liberdade no Ceará.
A Travessia faz um chamado ao Estado e à sociedade para que cheguem às periferias antes da algema e da bala, ou seja, na perspectiva de prevenção ao internamento, ao encarceramento e aos homicídios.
“Queremos reafirmar a vida para as nossas juventudes negras no sentido de vida, pulsão, identidade e liberdades”, resume Alêssandra Félix, uma das vozes do coletivo Vozes. Entre os diversos corpos que tombaram, a Travessia deste ano lembra a memória de Dona Francisca Lopes de Albuquerque, morta em Itaitinga, à beira da BR-116 ao tentar visitar um parente aprisionado, e as onze vítimas da Chacina do Curió, cujo primeiro júri está marcado para junho.
Entre os questionamentos trazidos para a Travessia deste ano está uma paráfrase da mulher negra Sojourner Truth, que em 1851 denunciou a exclusão de mulheres negras e pobres do debate público nos Estados Unidos. “E por acaso nós não somos mães?!”, questionam as mulheres que organizam a Travessia.
“Somos mães que percorremos os caminhos da privação de liberdade desde as unidades socioeducativas em que movimentamos as estruturas do sistema de garantia de direitos e as engrenagens judiciais, varas da infância, questionando e cobrando um olhar das autoridades competentes sobre o aspecto deformador do internamento que com uma violenta rapidez migra nossos filhos para presídios”, denuncia um dos trechos da Carta Política da III Travessia.
Compõem a III Travessia os seguintes coletivos:
1.Coletivo Vozes de Mães e Familiares do Sistema Socioeducativo e Prisional do Ceará
2.Movimento Mães do Curió
3.Movimento Mães da Resistência
4.Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (CEDECA Ceará)
5.Fórum Popular de Segurança Pública
6.Frente Estadual pelo Desencarceramento
7.Movimento Terra Liberta
8.Luta FOB
9.Rua-Juventude Anticapitalista
10.Coletivo de Juventude Alíum Resistência
11.Coletivo Raizes do Bom Jardim
12.Comunidade /Ocupação Carlos Marighella
13.Defensoria Pública /Núcleo de Atendimento ao Adolescente Infrator (Nuaja)
14.Rede de Mulheres Negras do Ceará
15. Mandata Nossa Cara
16. Mandato Fortaleza Verde
17.Movimento pela Vida de Pessoas Encarceradas do Ceará (Movipece)
Conheça todas as pautas da III Travessia no Boletim Informativo do Vozes e na Carta Política da III Travessia
Serviço
III Travessia
Quando: 13/05, às 8h30
Local: Praça do Ferreira até a Praça Murilo Borges