“Hoje estou um pouco aliviada. A dor vai ser a mesma, a condenação não vai trazer meu filho de volta. Eu queria meu filho aqui comigo, mas eu sinto um pouco de alívio em saber que a justiça foi feita”. Esse era o sentimento de Ilana Maria na noite da sexta-feira, 29, após a justiça condenar a 13 anos e 9 meses de prisão o policial militar acusado de matar seu filho, Paulo Victor, de 16 anos. O crime ocorreu em 2022, no bairro Mondubim, em Fortaleza. O policial também foi condenado a pagar uma indenização moral à família da vítima no valor de R$ 13 mil reais.
“Acho que hoje vou dormir, porque tem quase três anos que eu não durmo direito. Fico acordado, esperando meu filho voltar”, disse Francisco Valteir, pai de Paulo Victor.
Na caminhada por justiça, a família de Paulo Victor pode contar com apoio de movimentos sociais, como o Mães da Periferia, do CEDECA Ceará e da Rede Acolhe, projeto da Defensoria Pública.
“A gente tenta ofertar esse atendimento psicológico e jurídico qualificado e em rede, visando sobretudo uma estratégia de proteção e acolhimento vítimas de uma violência tão brutal como a da violência policial”, disse Ingrid Leite, coordenadora do Núcleo de Atendimento do CEDECA Ceará.
Letalidade Policial no Ceará
Levantamento realizado pelo Comitê de Prevenção e Combate à Violência (CPCV), com base em dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) do Ceará, mostra que, em 2024, foram 189 casos de Mortes por Intervenção Policial (MIPs) no Ceará.
Em 2023, foram 147 registros, um aumento de 28,57% nos casos. Já nos dois primeiros meses de 2025, foram 33 MIPs no Estado.
A resposta da Justiça
Para o CEDECA Ceará, a violência policial é um grave problema que afeta também crianças e adolescentes e que precisa de respostas do sistema de justiça. É preciso prevenção e responsabilização para acabar com essa violência e que não se autorize a polícia a matar a juventude negra e periférica.