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Censo Associados e Associadas do CEDECA 2023

A Diretoria do CEDECA Ceará está realizando um censo para coletar e atualizar dados importantes sobre seus associados e suas associadas.

Seu feedback é essencial para entendermos melhor qual o perfil das pessoas associadas, suas expectativas e como podemos aprimorar nossa comunicação.

Pedimos que reserve alguns minutos do seu tempo para preencher este formulário. Suas respostas serão tratadas com confidencialidade e utilizadas apenas para fins internos do CEDECA Ceará.

Acesse o link: https://forms.gle/nxaKnarmMa1WAomw8  

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CEDECA Ceará lança Nota Técnica sobre violação de direitos de crianças e adolescentes

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), uma das legislações mais sólidas e importantes do país, determina que os direitos de todas as meninas e meninos devem ser garantidos com absoluta prioridade. Porém, as evidências mostram que essa urgência para cuidar e garantir direitos não está sendo cumprida. De acordo com levantamento e análise do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente – CEDECA Ceará, o investimento em segurança pública no estado é maior do que o investimento em proteção da vida de crianças e adolescentes. Violências como falta de assistência adequada em saúde mental, homicídios, educação excludente e mortes por intervenção policial estão entre as mais graves e letais.  A análise pode ser lida na Nota Técnica disponível  aqui.

A cada 48h uma criança ou adolescente é vítima de homicídio no Ceará

O Ceará, de acordo com o monitoramento realizado pelo CEDECA Ceará que utiliza como fonte a base estatística de Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLI) da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social – SSPDS do Ceará, em 2022 contabilizou 304 homicídios de crianças e adolescentes entre 0 e 18 anos. Desse número, sendo 37 meninas e 267 meninos.

De janeiro a agosto de 2023, foram assassinadas 165 crianças e adolescentes no Ceará, isso significa que cotidianamente a cada de 48h uma criança ou adolescente é vítima de homicídio no estado. Nos últimos 06 anos, no período de 2017 a 2022, foram assassinadas 2.907 crianças e adolescentes no Ceará.

Crianças e jovens negros são as principais vítimas de homicídio no Brasil

Os dados da SSPDS não trazem o recorte racial das vítimas, mas o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023 aponta que 76,9% das mortes violentas intencionais no país foram de pessoas negras, que continuam representando as principais vítimas da violência no país. Considerando a faixa etária, 50,3% das vítimas em 2022 eram adolescentes e jovens com idade entre 12 e 29 anos.

Mortes de crianças e adolescentes por intervenção policial

O Ceará está entre os estados mais violentos do Brasil nas últimas décadas. De 2013 a 2022 ocorreram aqui 1.229 mortes por intervenção policial, estatísticas da SSPDS sistematizadas pelo CEDECA Ceará. As ocorrências cresceram ano a ano, ao comparar os dados dos anos de 2013 e 2022, houve um aumento de 270,73% de mortes por intervenção policial. Não há por parte da SSPDS um detalhamento sobre o perfil das vítimas de intervenção policial em relação à idade, raça, gênero ou território, mas é de conhecimento público casos em que crianças e adolescentes foram mortas por policiais no Ceará nos últimos anos.

A insuficiência de CAPS Infantil em Fortaleza e a demora no atendimento

Fortaleza apresenta um déficit de 13 Centro de Atenção Psicossocial Infantil (CAPSi). O município conta atualmente com 16 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e destes apenas três são CAPS Infantis. Segundo a Portaria Nº 3.088, de dezembro de 2011, os CAPSi devem estar presentes em regiões com população acima de 150.000 habitantes, considerando que Fortaleza é um município com população de 2.428.678, de acordo com o Censo de 2022, deveria haver 16 CAPSi na cidade.

O número reduzido de CAPSi impacta diretamente no tempo e na qualidade no atendimento prestado. Em 2023, em resposta a ofício enviado pelo CEDECA Ceará, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) encaminhou dados sobre a quantidade de atendimentos e fila de espera de dois dos CAPS Infantis. Os dados mostram uma alta quantidade de atendimentos, assim como de fila de espera. A SMS informou ainda que o tempo médio de espera para o primeiro atendimento é de 6 meses.

O público atendido nesses equipamentos de saúde são crianças e adolescentes em sofrimentos psíquicos e transtornos mentais severos e persistentes. Sujeitos em desenvolvimento e que a falta de cuidados e acompanhamento em saúde mental podem gerar danos e consequências permanentes em suas vidas.

Direito à educação é negado para 55 mil crianças e adolescentes do Ceará

O direito básico à educação não se resume apenas ao acesso à matrícula, garantir o direito à educação de crianças e adolescentes é também garantir o acesso, a permanência e o padrão de qualidade. A não garantia desse direito de forma plena afeta diretamente na permanência do aluno na escola.
No Ceará, 55 mil crianças e adolescentes de 4 a 17 anos estavam fora da escola, no ano de 2022, de acordo com a PNAD Contínua – IBGE. No município de Fortaleza, a exclusão escolar atinge 24 mil crianças e adolescentes.

A escola tem um papel social muito importante, o espaço da escola é pertencente às comunidades em que estão e o estado deve garantir que a política educacional esteja integrada às demais políticas como assistência social, cultura e saúde integral.

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Chacina do Curió: seis policiais são condenados e 10 aguardam julgamento.

Foram quase oito anos de luta do movimento Mães e Familiares do Curió ( @movmaesdocurio ) para que as pessoas acusadas da chacina ocorrida em 2015 começassem a ser julgadas. Depois de três júris, seis policiais militares foram condenados.

Os réus Antônio José de Abreu Vidal Filho, Marcus Vinícius Sousa da Costa, Wellington Veras Chagas e Ideraldo Amâncio foram sentenciados a 275 anos e 11 meses de prisão cada um. O réu José Oliveira do Nascimento foi condenado a 210 anos e 9 meses de prisão, e o réu José Wagner Silva de Souza foi condenado a 13 anos e 5 meses de prisão.

Um total de 14 policiais foram absolvidos das acusações, sendo que um deles teve processo enviado para a auditoria militar. O Ministério Público do Estado do Ceará já recorreu da sentença e pede novo julgamento para todos os absolvidos. “Entendemos que a decisão contraria a prova dos autos. Há provas suficientes para responsabilização criminal e, por isso, iremos pleitear a realização de um novo júri”, explica o promotor de Justiça, Luís Bezerra. Outros 13 acusados ainda não têm data para serem julgados.

Momento histórico na luta contra a violência policial

Acompanhando as famílias das vítimas desde o dia seguinte ao crime, o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (CEDECA Ceará) ofereceu assessoria jurídica e psicossocial ao longo dos anos e integra uma rede de apoio com instituições locais e nacionais. Para Mara Carneiro, coordenadora geral da ONG, o julgamento é um momento histórico. “É praticamente a primeira vez que o estado do Ceará enfrenta com rigor a violência policial, desde a investigação até chegar em um júri dessa natureza. Com o Caso Curió veio à tona também como o preconceito e o racismo estruturam a brutalidade da polícia. É fundamental que a segurança pública reveja seus protocolos de abordagem, que forme seus profissionais a partir de uma outra ótica. E que sobretudo se entenda que as vidas negras da periferia importam e precisam ser protegidas”, defende.

Para o Procurador Geral de Justiça do Ceará, Manuel Pinheiro, o sistema de justiça e a sociedade cearense dão um exemplo ao Brasil. “Nós temos visto acontecer em outros estados casos muito parecidos com o caso do Curió nas últimas semanas e é importante que nos outros estados, assim como no Ceará, o Sistema de Justiça seja capaz de alcançar e punir os responsáveis. Então, o Estado do Ceará nos dá esperança de que nós somos capazes de progredir com civilização. Nós respondemos de forma civilizada à barbárie que foi a Chacina do Curió”, declarou.

O mundo de olho na justiça cearense

Os três primeiros júris do Caso Curió foram acompanhados presencialmente por representes da Organização das Nações Unidas (ONU), Anistia Internacional Brasil, Ministério da Justiça, Ministério dos Direitos Humanos, Conectas Direitos Humanos, Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Fortaleza, Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Ceará, Comitê de Prevenção e Combate à Violência da Assembleia Legislativa do Ceará, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/CE) e Gabinete Assessoria Jurídica Organizações Populares (GAJOP). Por meio de suas redes sociais, o Instituto Marielle Franco , a Human Rights Watch e a Justiça Global manifestou apoio às Mães do Curió.

O direito à memória

Na chacina, foram vítimas de homicídio Alef Sousa Cavalcante, 17 anos; Antônio Alisson Inácio Cardoso, 17; Francisco Enildo Pereira Chagas, 41; Jandson Alexandre de Sousa, 19; Jardel Lima dos Santos, 17; José Gilvan Pinto Barbosa, 41; Marcelo da Silva Mendes, 17; Patrício João Pinho Leite, 16; Pedro Alcântara Barroso, 18; Renayson Girão da Silva, 17; e Valmir Ferreira da Conceição, 37. A história deles e de suas famílias podem ser lidas no livro ONZE, publicado em 2021, com versão em PDF aqui. A obra é fruto da inciativa do coletivo Mães e Familiares do Curió e tem versão em audiolivro aqui.

Para saber mais o Caso Curió acesse o site 11docurio.com

Leia mais sobre o julgamento no hotsite do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará. Clique aqui.

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Julgamento da Chacina do Curió entra na terceira fase

Começou na terça-feira, 12, o terceiro júri do Caso Curió com mais oito policiais sentando no banco dos réus. A nova fase começou quatro dias depois de o Tribunal de Justiça do Ceará absolver os oito réus no segundo júri do Caso Curió que durou nove dias. O Ministério Público recorreu da decisão.

Com um total de 33 policiais militares acusados de envolvimento de 11 execuções na Chacina do Curió, ocorrida em Fortaleza no ano de 2015, é o maior caso da história da justiça cearense. Outros 13 policiais ainda não têm data para serem julgados. Na primeira sessão, em junho, quatro policiais militares foram condenados a 275 anos e 11 meses cada um. São eles: Antônio José de Abreu Vidal Filho, Marcus Vinícius Sousa da Costa, Wellington Veras Chagas e Ideraldo Amâncio.

Na chacina, foram vítimas de homicídio Alef Sousa Cavalcante, 17 anos; Antônio Alisson Inácio Cardoso, 17; Francisco Enildo Pereira Chagas, 41; Jandson Alexandre de Sousa, 19; Jardel Lima dos Santos, 17; José Gilvan Pinto Barbosa, 41; Marcelo da Silva Mendes, 17; Patrício João Pinho Leite, 16; Pedro Alcântara Barroso, 18; Renayson Girão da Silva, 17; e Valmir Ferreira da Conceição, 37

Mães do Curió seguem firmes na luta por justiça

Silvia Helena Pereira de Lima, 57 anos, mãe de um dos sobreviventes, e tia de Jardel Lima dos Santos, 17, um dos mortos, diz que as famílias seguem firmes mesmo diante da absolvição dos reús no segundo júri. “A gente se sente injustiçada porque a gente busca por justiça, mas isso também não abala nossa vontade que essa justiça aconteça. Muito pelo contrário, a gente está mais firme, querendo mais e mais seguir nessa luta”, declarou em coletiva.

As rede de instituições que apoia a luta das famílias vítimas da chacina também segue acreditando na justiça, como afirma Mara Carneiro, coordenadora geral do CEDECA Ceará. “Como instituição que acompanha o caso há 8 anos, não sozinha mas em uma grande rede com outras organizações, agradecemos muito o trabalho do Ministério Público e da Defensoria Pública. Nós acreditamos na justiça e no trabalho de investigação que foi feito até aqui. Queremos dizer para essas mães aqui, que são a nossa fortaleza, que nos ensinam todo dia o que é transformar o luto em luta, que vocês não estão sozinhas. Esse movimento que passou oito anos com as Mães do Curió vai permanecer junto até o último réu ser julgado e de fato chegar a justiça”

ONU, Anistia Internacional e governo federal acompanham o caso

Um dos observadores do Caso Curió é o vice-presidente do Comitê de Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas (ONU), Luis Pedernera.“Acompanhando a luta das mães e é muito importante o que está acontecendo aqui no Ceará no que diz respeito a luta contra a impunidade em casos de violência policial. O Brasil tem uma grande dívida nessa questão e já recebeu recomendações para acabar com esse problema. Hoje o Ceará vive um momento histórico com esses julgamentos que podem ser um grande passo contra a impunidade”.

Representando também um olhar internacional, Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional Brasil, destacou que a união das autoridades do Legislativo, do Executivo e do Judiciário pode permitir que o Ceará vire a página da omissão e da impunidade. “O Ceará e o Brasil são conhecidos pela alta letalidade policial e impunidade. Eu tô aqui acompanhando um momento histórico. É um momento em que a união das autoridades e da sociedade civil, o que está acontecendo aqui é exemplo para o Brasil e para o mundo. A gente pode passar uma mensagem de que a dignidade das vítimas e suas famílias devem ser respeitadas. Essa luta não vai fazer com que os filhos e os companheiros retornem, mas pode ajudar com que outras famílias não passem pelo que essas estão passando”.

Fernanda Oliveira, coordenadora geral de Combate à Tortura e Graves Violações do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, esteve nos dois julgamentos até agora. “Nós acompanhamos o caso e fica muito nítido que quando há o compromisso em apurar um fato essa apuração acontece com qualidade, o que garante que as pessoas acusadas tenham o direito à ampla defesa e ao contraditório. É um momento importante porque é uma demonstração de avanço na nossa democracia e os movimentos sociais do Ceará com as Mães do Curió são os protagonistas desse processo”, destaca.

Também pela segunda vez no julgamento, o Ouvidor Nacional dos Direitos Humanos e Cidadania, Renato Teixeira, diz que “é importante nesse momento de escalada da violência policial no Brasil que o Ceará a partir da sociedade civil, dos familiares das vítimas e do Tribunal de Justiça possa sinalizar um caminho que visa a democracia, justiça e paz. É um trabalho pedagógico para que nós que acompanhamos outros casos em outros estados podemos levar como exemplo de boa prática“.

Marivaldo Pereira, secretário de Acesso à Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública, esteve no Fórum Clóvis Beviláqua e pontuou a importância da punição dentro do que diz a lei. “Nada vai trazer a vida dos jovens de volta, mas é importantes para as famílias que o Estado entregue justiça e puna os responsáveis por tirarem a vida desses jovens”, declarou em entrevista.

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Sociedade civil denuncia modelo de participação usado pelo governo do Ceará no PPA

CARTA PÚBLICA SOBRE O PROCESSO PARTICIPATIVO DA CONSTRUÇÃO DO PLANO PLURIANUAL 2024-2027 DO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ

As entidades da sociedade civil abaixo assinadas vêm a público denunciar o modelo de participação social realizado pelo Estado do Ceará para a construção do Plano Plurianual 2024- 2027. Em junho de 2023, o governo do Estado do Ceará lançou o PPA Participativo para elaboração deste plano, a partir da realização de 14 encontros regionais, com início em 21 de junho e término em 27 de julho de 2023.

Vivemos outro contexto do nosso país, e exigimos o aprofundamento, sem demora, da nossa democracia. Amargamos dias de retrocessos profundos com esse último desgoverno em nível federal. Não temos tempo a perder para recuperar os espaços de participação, mas que eles possam ser de verdade, que aconteçam com o objetivo de ver a população cada vez mais inteirada dos seus direitos e da fruição dos mesmos. Que tenhamos parte efetiva no recurso
público, que essa disputa de prioridades venha transformar a realidade de acessos do nosso povo.

Portanto, começamos a crítica a esse processo estadual sinalizando que a divulgação/mobilização para participação nas plenárias não possibilitou a participação efetiva da população. Um processo que se pretende participativo, deveria ter ao menos uma divulgação massiva e de fácil acesso.

O que ficou evidente na plenária ocorrida no dia 21/07, em Fortaleza, é que este não foi um processo participativo popular. Tínhamos uma presença em maior quantidade de agentes do Poder Público, com as presenças marcantes das polícias: civil, militar, bombeiro e agentes penitenciários, inclusive alguns na função de coordenação dos grupos de trabalho. Como participar diante deste cenário? Qual participação o governo quer de fato fortalecer? A que se
presta a participação tão eloquente desses atores?

Fortaleza e região metropolitana, com mais de 3,9 milhões de habitantes, teve uma participação pequena da sociedade civil na plenária da região, e ainda constrangida pela forte presença dos agentes públicos nos Grupos de Trabalho. Além disso, os eixos apontados para o PPA não tiveram qualquer participação social e juntaram muitas demandas em poucos eixos, o que, no fim, dificultou a priorização.

Apresentamos, pois, que esse espaço não refletiu a participação popular real para construção de prioridades para o orçamento do governo nos próximos 4 anos. E, sem participação, sabemos que amargaremos mais anos de um orçamento que não inclui historicamente as populações periféricas, negras, quilombolas, pessoas com deficiência,

LGBTQIAP+, povos do campo e do mar. Quem realmente se importa com a participação do povo, tomando parte do que é seu e disputando o orçamento do Estado do Ceará para as demandas que efetivamente fazem a diferença para a população e a justiça social, deve abrir espaços que de fato sejam capazes de construir poder popular e não investir neste tipo de participação.

Apresentamos a seguir os obstáculos que percebemos para a garantia da participação
real:

1. As Plenárias Regionais com pouquíssimo tempo real de discussão, de aproximadamente 1 hora, o que para um grupo de 40 pessoas, se todos
desejassem falar teriam somente 1 minuto e meio de fala;

2. A própria participação foi prejudicada com divulgação precária, mudança de local poucos dias antes e divulgação do local definitivo somente na noite
anterior ao evento, por e-mail, para as pessoas inscritas. Quando chegamos observamos que aproximadamente 80 por cento dos presentes eram pessoas
ligadas ao governo, entre servidores e agentes de segurança pública;

3. Modelo de participação social indicado pelo Estado sem diálogo com os movimentos, coletivos e organizações sociais;

4. A metodologia utilizada foi aligeirada, suspendendo as discussões e debates que eram fundamentais na apresentação das diretrizes nos grupos temáticos
organizados no encontro, como previsto no documento de metodologia dos encontros regionais disponibilizados no site;

5. Outra grave questão foi percebida durante a realização do encontro na capital do Estado, a presença massiva e ostensiva dos agentes de segurança pública, sobretudo no grupo temático sobre Segurança pública e acesso à Justiça. A participação dos agentes gerou intimidação, desconforto e insegurança
principalmente pelas interrupções constantes que eram feitas nas falas e propostas que organizações, coletivos e movimentos sociais apresentavam. A condução do próprio grupo temático também foi realizada por um agente de segurança pública, gerando uma militarização do direito à participação;

6. Outra questão problemática nesse processo é a centralidade do processo de participação social através da plataforma digital para a votação e sugestão das propostas de diretrizes. Apesar da plataforma ser apresentada como uma ferramenta que amplia a participação, temos uma realidade no Estado do Ceará que aponta a falta de acesso a internet de cerca 736.600 domicílios cearenses, segundo dados de 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc);

7. Para completar tivemos a conclusão do processo pela plataforma digital. Aí começam mais problemas pois ao acessar a plataforma, só é possível visualizar as propostas cadastradas pela sua respectiva região, não sendo possível visualizar as propostas cadastradas no âmbito de todo Estado do Ceará; no momento da votação, não é possível visualizar o quantitativo de votos de cada proposta, o que torna o processo nada transparente; além disso, ao sugerir novas propostas – limitadas a apenas 3 – as mesmas não são incluídas no rol de propostas para serem votadas. Como serão consideradas as propostas sugeridas na plataforma se o critério para se considerar as propostas na construção do PPA é o quantitativo de votos das mesmas?

8. Todos tinham entendido que a priorização seria de 6 diretrizes em cada eixo, mas qual não foi a surpresa ao ver que deveríamos escolher as 6 dentre todos os 4 eixos. São mais de 24 áreas, com mínimo de 6 propostas em cada uma, que impactam diretamente na vida da população e pudemos sinalizar somente 6 pontos, sem qualquer transparência do número de votos em cada um dos pontos.

Não podemos aceitar a narrativa que o PPA 2024-2027 foi construído de forma participativa. Reivindicaremos até o fim as propostas que enfrentam o racismo e o aprofundamento da miséria do nosso povo.

Exigimos que o governo possa ampliar seus canais de disponibilização para a população de acompanhamento das políticas públicas, do monitoramento orçamentário e da priorização de execução das ações. Exigimos transparência, inclusive com esse processo do PPA, pois não temos nem mesmo a informação de um processo virtual sobre o número de votos para cada proposta. Como saberemos quais as propostas foram mais votadas, e que prioridades
serão eleitas?

O papel que as organizações e os movimentos de direitos humanos historicamente assumiram em defesa da democracia nos coloca alinhados com os processos de democratização do estado e aprofundamento da participação, portanto nos colocamos ao lado de iniciativas como estas, tendo clareza do desafio, mas sempre acreditando que esse é o caminho para o enfrentamento das desigualdades em nosso estado.

Seguiremos, portanto, junto aos espaços de participação, como conselhos e fóruns de discussão demandando uma política transparente e que permita de fato a participação popular. Nenhum passo atrás. Avançaremos em passos ligeiros!

Organizações, coletivos e movimentos sociais que assinam:

Articulação em Apoio à Orfandade de Crianças e adolescentes por covid-19 – AOCA
Associação Grupo de Apoio às Comunidades Carentes – AGACC
Centro de Apoio a Mães e Pais de Portadores de Deficiência – CAMPE
Centro de Defesa da Criança e do Adolescente – CEDECA – Ceará
Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza – CDVHS
Coletivo Alium Resistência
Coletivo Meraki do Gueto
Coletivo Vozes de Mães e Familiares do Sistema Socioeducativo e Prisional do Ceará
Fórum Cearense de Mulheres/Articulação de Mulheres Brasileiras.
Fórum da Cultura Bom Jardim
Fórum Permanente de Organizações Não governamentais em Defesa dos Direitos da Criança
e do Adolescente – Fórum DCA
Frente de Luta por Moradia Digna
Frente Estadual pelo Desencarceramento do Ceará
Fundação Marcos de Bruin (FMB)
Instituto de Mulheres Negras- INEGRA Ceará
Laboratório de Estudos de Conflitualidade e Violência- COVIO/UECE
Movimento dos Conselhos Populares – MCP (Núcleo Pici)
Movimento pela Vida de Pessoas Encarceradas do Ceará
Núcleo Cearense de Estudos e Pesquisa Sobre a Criança – NUCEPEC/ UFC
Pastoral do Menor RNE1
Projeto Criança Feliz
Rede de Mulheres Negras do Ceará
Rede DLIS do Grande Bom Jardim
Resistência Vila Vicentina
Revolução, Vida, Direitos Humanos e Educação (COLETIVO REVIDE)
Tambores de Safo

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CEDECA Ceará aprimora conhecimento em litígio estratégico internacional

O Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (CEDECA Ceará) recebeu em julho o advogado da linha de litígio estratégico internacional da Justiça Global, Eduardo Baker, no terceiro e último encontro de uma agenda de formação interna sobre litigância de casos em instâncias internacionais. O CEDECA Ceará possui um caso e uma medida cautelar na sede da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que inclusive foi alvo de monitoramento neste primeiro semestre pelo governo federal.

A formação ajuda a instituição cearense a redesenhar metodologias de incidência dentro do contexto jurídico e social no qual se encontra. A defesa dos direitos de crianças e adolescentes se faz por diferentes frentes e, estando cientes de que as esferas estaduais e nacionais por vezes não são suficientes para prover a efetivação de direitos, se faz necessária uma atuação interconectada que seja capaz de propagar internacionalmente as nossas demandas por justiça.

Em maio de 2023, o CEDECA Ceará participou em Brasília de reunião solicitada pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), onde apresentou evidências que comprovam o descumprimento total ou parcial das sete medidas cautelares (MC 60-15) aplicadas pela CIDH em 2015 ao Estado Brasileiro.

As medidas cautelares 60-15 foram concedidas por meio da Resolução 71/2015, abrangendo as unidades socioeducativas Patativa do Assaré, São Miguel, Dom Bosco e adolescentes oriundos majoritariamente do São Francisco transferidos provisoriamente para o presídio militar de Aquiraz. Destaca-se que a concessão das medidas cautelares teve uma enorme contribuição para visibilizar o quadro de violações de direitos que contorna o sistema socioeducativo do estado do Ceará, especialmente o das unidades indicadas.

Sobre a Justiça Global

A Justiça Global é uma organização não governamental de direitos humanos que trabalha com a proteção e promoção dos direitos humanos e o fortalecimento da sociedade civil e da democracia. Fundada em novembro de 1999, nossas ações visam denunciar violações de direitos humanos; incidir nos processos de formulação de políticas públicas, baseadas nos direitos fundamentais e na equidade de gênero e raça; impulsionar o fortalecimento das instituições democráticas; e exigir a garantia de direitos para as vítimas de violações e defensoras/es de direitos humanos. Estamos organizados em quatro programas temáticos e uma área administrativa, conformando uma equipe multidisciplinar, que realiza suas atividades articulando estratégias de pesquisa e documentação, litigância, advocacy, comunicação e formação.

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