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Prefeitura projeta cortar R$25 milhões da assistência social para 2020

Atenção à pessoa com deficiência; promoção e defesa dos direitos das mulheres; manutenção dos conselhos tutelares; atendimento às vítimas de violência sexual, idosos e população de rua; prevenção de homicídios na adolescência; promoção da igualdade racial e dos direitos da população LGBT. Essas e outras políticas municipais estarão comprometidas para 2020 se for aprovada a proposta da Prefeitura de Fortaleza do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2020 enviada à Câmara Municipal.

O CEDECA Ceará analisou o PLOA 2020 e constatou que há previsão de redução de R$25 milhões (15,6%) dos recursos da função Assistência Social em comparação à Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2019, ano em que a LOA fixou R$160,4 milhões para assistência social. Para 2020, o montante previsto é R$135,4 milhões.

Acesse a análise em detalhes aqui:

Análise Orçamento Fortaleza 2020

Os cortes estão projetados apesar do cenário de crescimento de gastos municipais. Houve aumento de 10,6% (R$ 854,8 milhões) no orçamento estipulado para 2020 em comparação a 2019. As receitas tributárias de Fortaleza (impostos, taxas e demais contribuições) cresceram 30,2% entre 2013 e 2018, a quinta maior taxa de crescimento entre as capitais brasileiras e a segunda entre as capitais nordestinas. Para 2020, a projeção de crescimento das receitas tributárias do município é de 3,2% (R$ 65,9 milhões).

 

A título de comparação, o orçamento do programa “Segurança Cidadã em Fortaleza” em 2020 será mais do que o dobro deste ano. Passará de R$6,1 milhões para aproximadamente R$12,7 milhões, crescimento de 105,7%.

A previsão anunciada de cortes na assistência social repete o cenário registrado em 2018, quando Fortaleza foi a terceira capital nordestina com menor investimento per capita na área: R$31,5 apenas por habitante.

 

Confirmando o cenário de redução dos investimentos, o Fundo Municipal de Assistência Social (FMAS) e a Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS) também terão cortes. O FMAS e a SDHDS são as principais unidades orçamentárias da assistência social.

Em relação à SDHDS, há uma proposta de redução para 2020 de 33,2% (R$ 19,4 milhões). Em 2019, o valor fixado é de R$ 58,3 milhões. Para 2020, a proposta é que seja R$ 38,9 milhões. Analisando as fontes de recursos, é possível identificar que a redução proposta para a SDHDS é explicada, sobretudo, em virtude da redução de recursos destinados do próprio Tesouro Municipal, e não por causa dos recursos do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS).

Confira em valores absolutos e percentuais os cortes de alguns programas orçamentários do município de Fortaleza

 

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Prefeitura gastou menos de R$1 por mês por criança e adolescente em situação de rua em 2017

Os investimentos da Prefeitura de Fortaleza para atendimento de meninos e meninas em situação de rua caíram 99,8% em quatro anos. É tão pouco dinheiro que única compra de café para o Gabinete do Prefeito custou mais que o dobro do gasto anual com Ponte de Encontro

A Prefeitura de Fortaleza gastou R$0,98 por mês para cada criança e adolescente atendido pelo programa Ponte de Encontro, de abordagem a meninos e meninas em situação de rua na Capital, em 2017. O cálculo foi obtido por levantamento inédito realizado pelo CEDECA Ceará, a partir do cruzamento de dados do orçamento executado e quantidade de atendimentos realizados pelo Ponte.

Atualização >> Ouça entrevista com Renam Magalhães, da equipe do CEDECA Ceará, sobre o tema:

Durante todo o ano de 2017, o programa Ponte de Encontro, vinculado à Fundação da Criança e da Família Cidadã (Funci), executou R$8 mil e atendeu 679 crianças e adolescentes, o que representa um investimento anual e mensal, respectivamente, para cada criança e adolescente atendido/a, de R$ 11,8 e R$0,98. O total destinado à política de atendimento de crianças e adolescentes em situação de rua durante todo o ano de 2017 é a metade do que a Prefeitura gastou em uma única compra de café para o gabinete do Prefeito e suas Coordenadorias em maio de 2018: R$16.960, conforme pode ser conferido neste link.

A ação 1106 (Atendimento a Criança e Adolescente em Situação de Rua – Ponte de Encontro) registrou apenas dois pagamentos em 2017: ambos de R$4 mil, referentes a gasto com conta de luz, conforme pode ser conferido neste link e neste link.

A redução dos investimentos em políticas públicas para crianças e adolescente é uma marca da atual gestão da Prefeitura de Fortaleza, conforme pode ser constatado por qualquer cidadão com acesso ao site da Prefeitura, ao comparar os valores investidos ano após ano. O orçamento do Ponte de Encontro despencou 99,8% em quatro anos. Em 2014, foram destinados R$3,9 milhões para o Programa. Em 2017, os gastos foram irrisórios R$8 mil. A  previsão inicial para o ano passado era de R$8 milhões de investimento na ação, ou seja, apenas 0,1% da verba prevista foi executada.

Ação 1106

Em 2015, ano em que foi registrado ápice dos atendimentos, a população atendida aumentou em 76,6%, e o orçamento executado foi reduzido em 92,5%. Além da queda no orçamento, o CEDECA Ceará tem acompanhado, por meio do Fórum Permanente de Organizações Não Governamentais de Defesa dos Direitos de Criança e Adolescente do Ceará (Fórum DCA), a diminuição do número de educadores do programa, outro fator que impacta nos atendimentos.

O gráfico abaixo mostra a relação entre orçamento executado e número de crianças e adolescentes atendidos pelo Ponte de Encontro.

Veja o gráfico em detalhes aqui: 

 

Outra política pública afetada pela redução orçamentária significativa é o Adolescente Cidadão, de educação profissional. De 2014 a 2017, o orçamento executado do programa foi reduzido em 98,1%, ou seja, saiu de R$ 457,5 mil para irrisórios R$ 8,7 mil.

Como mostrado, a soma dos orçamentos dos programas Ponte de Encontro (R$8 mil) e Adolescente Cidadão (R$8,7 mil) não supera uma única compra de café, em maio de 2018, para o gabinete do Prefeito e suas Coordenadorias (R$16.960).

Falta dinheiro ou falta prioridade no orçamento?

  • Estudo recente do CEDECA Ceará mostrou que Fortaleza é a segunda Capital do Nordeste – e a quarta do Brasil – com menos investimentos em assistência social de crianças e adolescentes. Leia mais aqui. A queda nos investimentos para a população de crianças e adolescentes aconteceu num cenário de aumento de arrecadação;
  • A falta de investimento em atendimento de crianças e adolescentes em situação de rua foi alvo de uma Ação Civil Pública recente. Saiba mais aqui;
  • Segundo informações do site da Prefeitura de Fortaleza, a Fundação da Criança e da Família Cidadã (Funci) “tem como missão promover e executar políticas públicas de defesa e proteção integral de crianças e adolescentes, preconizado no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)”. Suas atividades se desenvolvem por meio dos programas Adolescentes Cidadão, Ponte de Encontro, Rede Aquarela e Plano Municipal pela Primeira Infância de Fortaleza (PMPIF).

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