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PEC do Orçamento de Guerra: mais de cem entidades lançam Alerta Público sobre riscos da proposta

Documento chama atenção para a priorização de recursos para o sistema financeiro sem contrapartida e para risco de fortalecimento de Bolsonaro na condução do enfrentamento da pandemia. CEDECA Ceará assina o documento

por Comunicação Plataforma Dhesca

Mais de cem entidades lançam Alerta Público sobre a Proposta de Emenda Constitucional 10/2020, conhecida como a PEC de Orçamento de Guerra, e de outras medidas econômicas adotadas no contexto da pandemia do COVID-19. A PEC será votada nesta quarta-feira (15) no Senado Federal.

Acesse o Alerta Público sobre a PEC do Orçamento de Guerra na íntegra

O documento é assinado pelo Conselho Nacional de Saúde, Conselho Nacional de Direitos Humanos, Colegiado Nacional de Gestores Municipais da Assistência Social (CONGEMAS), Conselho Federal de Economia, Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional – FBSSAN, Conselho Federal de Economia – COFECON, Plataforma DHESCA, Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Plataforma de Movimentos Sociais pela Reforma Política, instituições de pesquisa, entre outras entidades e redes de várias áreas sociais.

O Alerta Público questiona a falta de exigência de contrapartidas e a fragilidade dos mecanismos de controle público do necessário aporte de recursos governamentais ao sistema financeiro neste momento da pandemia. Recursos fundamentais para garantir a estabilidade do sistema financeiro e  evitar uma corrida bancária e o possível colapso em cascata das instituições financeiras, colocando em risco os depósitos das pessoas físicas e a sobrevivência de empresas.

Destaca que uma das medidas iniciais adotadas pelo Banco Central para o enfrentamento dos efeitos econômicos da pandemia foi a disponibilidade de um volume estimado em R$ 1,2 trilhão ao sistema financeiro, que não surtiu efeito prático já que os bancos não atuaram para salvar empresas ou garantir mais recursos para o próprio sistema financeiro. Em decorrência da falta de exigência de contrapartidas e de mecanismos de controle, a maior parte desse recurso ficou empossada nos próprios bancos e não foi utilizada para o aumento de crédito. Pelo contrário, contribuiu para a ampliação da dívida pública e para o aumento da remuneração do setor bancário.

O documento identifica a existência de duas lógicas que operam no contexto da pandemia: o volume e a velocidade com que setores do governo federal têm mobilizado recursos para aprovar medidas de salvaguarda ao sistema financeiro sem exigência de contrapartidas contrapõem-se com a lentidão e a escassez de recursos destinados à saúde, à assistência social, à segurança alimentar, à educação, à ciência e tecnologia aos programas de renda mínima e às demais políticas sociais.

Some-se a isso o risco de uma autoritária e temerária concentração de poderes decisórios no nível federal, já que a PEC do Orçamento de Guerra veda direito de voto dos gestores estaduais distritais e municipais no Comitê Executivo da Calamidade, aumentando ainda mais o poder do Presidente da República. Presidente da República que diariamente comete crime de responsabilidade ao desafiar o isolamento social e as medidas emergenciais de enfrentamento da pandemia adotadas pela Organização Mundial da Saúde.

A PEC ainda propõe que atos do Comitê Gestor da Crise sejam analisados diretamente pelo Superior Tribunal de Justiça. As amplas atribuições ao Comitê Gestor de Crise certamente trarão impactos para o exercício de direitos individuais e sociais constitucionais que não poderão ser questionados nas instâncias comuns, seja estadual ou federal, importando em grave violação do acesso à justiça. Não há justificativa para afastar a cláusula constitucional do juiz natural, violando a própria noção de separação de poderes.

O Alerta Público está sendo divulgado hoje aos Senadores e Senadoras, visando influenciar a votação prevista para a quarta-feira (15). As alterações necessárias devem visar a exigência de contrapartida e maior transparência nas ações do Banco Central e retirar as medidas que restringem as competências dos entes subnacionais na condução da pandemia e o acesso à justiça no sentido amplo.

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63% das crianças de 0 a 3 anos estão fora da creche em Fortaleza

Orçamento para construção e reforma de novos centros de educação infantil caiu 54% em dois anos. Dados compõem Nota Técnica lançada pelo CEDECA Ceará

Por que 63% das crianças de 0 a 3 anos estão sem vaga em creche em Fortaleza? A Nota Técnica “Análise da Educação Infantil em Fortaleza: orçamento e direito à creche”, produzida pelo CEDECA Ceará, aponta que faltam investimentos na construção de novos centros de educação infantil e reforma dos prédios existentes. Além disso, a análise mostra que a Prefeitura reduziu o orçamento da educação infantil de 2017 para 2018 em 11,3%. Na contramão, a procura por vagas cresce a cada ano.

Leia a Nota Técnica completa aqui:

 

Baixe a Nota Técnica completa aqui:

A mais recente Nota Técnica lançada pelo CEDECA Ceará analisa o cenário da educação infantil em Fortaleza, cidade em que 62,9% das crianças com até três anos de idade não têm acesso à creche, de acordo com dados da Pnad Contínua da Educação de 2018. O quadro é um evidente desrespeito ao que preconiza o Plano Municipal de Educação. O documento prevê que, até 2025, metade das crianças com até três anos de idade deverão ter vaga garantida em creche em Fortaleza.

Outro dado preocupante analisado pela Nota é a redução da ação orçamentária “Construção, Reforma e Ampliação de Centros de Educação Infantil”. O estudo mostra que, em 2017, foram R$23,5 milhões investidos nessa ação. Em 2018, houve uma redução de R$9 milhões, e o investimento passou para R$14,5 milhões.

[ATUALIZAÇÃO] Dados do Portal da Transparência acessados já em 2020 mostram que, ao serem somados os valores, o investimento em construção e reforma e ampliação caiu para R$10,8 milhões em 2019, o que representa redução de 54% em dois anos.

Foi constatado também que a educação infantil em Fortaleza teve corte orçamentário de R$ 18,5 milhões (11,3%) de um ano para outro. Em 2017, os investimentos somaram R$ 163,7 milhões, ao passo que em 2018 foram R$ 145,3 milhões.

 

O corte foi o segundo maior entre oito capitais nordestinas, quando se comparam dados da Secretaria do Tesouro Nacional, ficando atrás apenas de João Pessoa, que apresentou redução de 24,7% no mesmo período (Obs.: Os dados de Maceió não estavam disponíveis).

 

Sobre a Nota Técnica

A Nota Técnica foi escrita a partir da Ação Civil Pública (ACP) produzida pelo CEDECA Ceará e pela 14ª Promotoria de Justiça do Ministério Público do Estado do Ceará contra a Prefeitura de Fortaleza. A ACP foi ingressada em fevereiro de 2019.

O documento conta também com texto da carta das mães do Parque Santa Maria sobre Direito à Educação; artigo da professora Silvia Helena Vieira Cruz sobre educação infantil e reportagem escrita pela assessoria de Comunicação do CEDECA Ceará que contextualiza a história das mães que lutam pelo direito à educação e os desdobramentos da ACP.

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CEDECA Ceará lança 2ª Webnovela: “Tá Pegando Fogo”

O ano é novo, mas os problemas, menino, esses são os mesmos. E a conta quem continua pagando é o povo.

Já estão no ar os 3 episódios da nova Webnovela do CEDECA Ceará, “Tá Pegando Fogo”.

A história da professora Carol na luta contra a transfobia na escola conduz o enredo para pensarmos questões da organização popular e do orçamento público que afetam nossa vida cotidiana.

O desenrolar dessa história, só assistindo mesmo pra saber. Cuida!

Teaser da novela:

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Orçamento Público. E eu com isso?

Ciclo Orçamentário, Execução Orçamentária, LDO, LOA. Quem já se deparou com algum texto sobre orçamento público deu de cara com expressões nem sempre fáceis de entender.

E já que a ideia é descomplicar (para que mais pessoas entendam a importância do orçamento público), o CEDECA Ceará lança uma série de postagens para redes sociais com verbetes relacionados ao tema.

A ideia da série é usar imagem lúdicas, com temas do cotidiano, para mostrar que basta pouco para entender o que parece difícil.

Pra quem vira a cara diante de assunto espinhoso, a gente vai tentar explicar em detalhes, como uma conversa na rua, alguns termos em dez postagens.

Orçamento Público? E eu com isso? Vem com a gente. Vai dar bom!

1

Você pode até enfrentar o jogo, mas no campo, sabe onde pisar? Entender de orçamento público é fundamental para traçar qualquer tática ou estratégia na disputa por direitos. Sem campo não tem jogo. Sem orçamento público não tem como estimar receita (de onde vem o dinheiro) nem fixar despesa (para onde o dinheiro vai). Numa partida, o técnico escala os/as melhores do time para a decisão, sem deixar área descoberta. No orçamento, o gestor escolhe, a cada fim de ano, os setores que vão ser priorizados no ano seguinte. Saúde, educação, assistência social, esporte e lazer, cultura, quem vai receber mais dinheiro? Na vida real, a gente sabe que não falta grana para a segurança pública (para quem?), descobrindo na grana que poderia ser investida nas quebradas da cidade. O jogo é doido! 

2

Participação é quando ninguém fica de fora na partida pela garantia de direitos. No jogo da vida real, ninguém quer ficar só na torcida. É lembrar que um time se faz com uma diversidade de jogadores, em várias funções. Afinal, o time todo tem que correr pra bola chegar no artilheiro. Participar é um direito nosso e também uma forma de garantir, conquistar outros. A Lei de Responsabilidade Fiscal prevê audiências públicas antes de o orçamento ser votado. Que tal, seu prefeito, reunir a juventude, a galera toda das comunidades para saber as prioridades das pessoas para o orçamento? Orçamento sem participação é reflexo das ideias só da comissão técnica. Tá faltando vaga em creche, tá faltando CRAS, tá faltando Caps Infantil. Onde a gente se reúne pra mudar a tática e virar esse placar?

3

Mal virou o ano, mas já tem gente que mal segura o facho, tá “num pé e noutro” pensando em GERAR no pré da cidade e emendar com o Carnaval. Mas quem coloca na calculadora quanto vai gastar no bloco sem precisar voltar a pé? No orçamento público, não tem essa de rolê flopado. Não dá pra gastar mais do que o previsto. Quando você ouvir falar de “execução orçamentária” parece palavreado difícil, mas é apenas esse lance de programar e realizar despesas considerando quanto a administração tem de recurso (receita), cumprindo o que diz a lei. Mas é mó paia também quando a gestão planeja gastar R$198 mil com criança em situação de rua (programa Ponte de Encontro em Fortaleza) e só gasta (executa) R$52 mil até novembro. É só conferir no Portal da Transparência. Ou seja, gastou só 26% do previsto para o ano. O certo mesmo é não ter “miserê” no rolê quando o papo é garantir direitos, tá interado? Quando falta “execução orçamentária” em áreas que deveriam ser prioridade (assistência social, direitos humanos, cultura), é mó “pêdo”, pivete!

4

“Sim, entendi o que é “execução orçamentária”, mas fiquei sem entender o que é receita. Explica aí”. Se acalme, meu chapa. Tenha nervo, minha cumade. Pra montar um sarau ou fazer qualquer evento na comunidade, a gente precisa muitas vezes passar o chapéu, organizar bingo, fazer os corres. O que entra de dinheiro é a receita. Receita é tudo o que os governos arrecadam para bancar os gastos públicos. As receitas tributárias vêm de impostos, taxas e demais contribuições. As receitas orçamentárias são a soma das receitas tributárias com outras fontes de recursos, como empréstimos, aluguel ou venda de imóveis públicos, por exemplo.

As receitas existem para atender as despesas públicas. O ICMS, imposto que a gente paga quando compra qualquer coisa na mercearia, é a principal fonte de receita do governo do Estado, por exemplo. Antes de sair para fazer enxame com a galera, a gente separa o de comer, o da passagem… Tem que ter receita pra cada despesa! Tem dia que não tem nem o da água, mas a gente sai do mesmo jeito. Pode até faltar receita, mas não pode faltar é coragem para curtir a cidade. Em Fortaleza, nos últimos anos, não tem faltado receita, mas falta interesse em dar prioridade absoluta para crianças e adolescentes no orçamento.

5

“Se todo dinheiro que entra é receita, tudo que a gente gasta é o quê?” É despesa! Despesa são os gastos do poder público em  determinada área. Despesa todo mundo tem; difícil é achar quem pague. Pois é. No Estado do Ceará, a despesa com segurança pública, por exemplo, passou de R$780 milhões em 2001 para R$2,6 bilhões em 2018. É despesa que não acaba mais! Para assistência social, os investimentos passaram de R$300 milhões em 2001 para R$280 milhões em 2018. Eu digo é valha! Por quê isso? Orçamento público é feito de decisões políticas sobre prioridades. O problema é que muitas das vezes essas prioridades não escolhidas por nós. Vamos ficar ligado e não deixar quieto!

6

Para quem passa dos limites, não faz a conta certa de “despesa” e “receita”, só ficam os restos da festa, ou pior, deixar fiado, ficar devendo às amizades… Na administração pública, todas as despesas executadas mas que não foram pagas até o fim do ano são os “restos a pagar”, ou seja, acúmulo de dívidas para o ano seguinte. Tem gente que diz que o ano só começa depois do Carnaval, mas é bom ficar ligado para não gastar mais do que não deve até o dia 31! Em janeiro já tem o pré. É um novo orçamento.

7

E eis que de repente, em janeiro, você consegue uma bolsa, um emprego rocheda, e vira a rainha do rolê. Xô, lisêra! Pra pensar o seu orçamento, agora é outra conversa. Dá pra sair pagando pros mais chegados e até para quem não fortalecia os corre no passado. Você quer mostrar que o mundo dá voltas mesmo. No orçamento, todo ano é ano de pensar receita, despesa… É tudo diferente a cada ano. Discutir, aprovar, executar, avaliar e controlar. A gente chama isso de ciclo orçamentário, período em que acontecem as atividades relacionadas ao orçamento. O ciclo se divide em quatro etapas (elaboração, votação e aprovação, execução, controle e avaliação), que podem tomar mais do que um ano, na verdade. A Constituição de 1988 trouxe três leis que formam o ciclo orçamentário e são de responsabilidade do Executivo (Prefeitura, Governo do Estado e Governo Federal). São elas: O Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual  (LOA). “Diabéisso. Aí tu complicou pra mim”. Se acalme, que a gente explica uma coisa por vez.

8

Tem coisa na vida que, de tão importante, a gente precisa pensar com mais calma. Uma festa de formatura, ter uma criança, comprar uma casa, viajar pra bem longe. Nem tudo que a gente pensa em fazer em janeiro dá pra cumprir até dezembro. Pra não se frustrar, que tal um Plano Plurianual (PPA) da sua vida? Como assim?! Da vida, cada um tem a sua (e todas importam), mas no orçamento o papo é coletivo. Depois da eleição, o gestor/a gestora precisa organizar a nossa vida (da cidade, do estado, do país) para os próximos quatro anos, para fazer cumprir o que prometeu. Pelo menos deveria ser assim. Muito que bem. O PPA é esse documento, que tem o objetivo de fazer cumprir os objetivos da República (coisa pública, segundo os gregos). Ou seja, coisa nossa. Mó viagem!

9

Sempre sobra mês no final do nosso salário. Não tá fácil para o trabalhador e para a estudante. No orçamento público, porém, o negócio precisa ser mais organizado. É preciso planejar para distribuir melhor o dinheiro que é de todos. A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) serve para isso. Ao estipular metas e prioridades, a LDO orienta a elaboração do orçamento para o ano seguinte. Outra função da LDO é disciplinar o equilíbrio entre receitas e despesas. Sem LDO não tem LOA, que é aprovada ao fim de cada ano. “Mas o que é LOA mesmo?” Segura o batuque, que amanhã tem mais.

10 

Chegamos ao último dia da série de postagens sobre orçamento público. Hoje é dia de falar da LOA: Lei Orçamentária Anual. Se intéra! Essa lei diz quanto a Prefeitura, o Governo e a União (cada um deles) vai arrecadar de receitas e qual o tamanho das despesas em cada área. Ou seja, sem LOA não tem orçamento. Todo ano uma LOA diferente é votada, geralmente em dezembro. É igual à loa do maracatu, com um batuque específico a cada carnaval. O projeto de LOA que a Prefeitura manda pra Câmara aprovar se chama PLOA. Neste ano, a PLOA da Prefeitura incluiu um corte de R$25 milhões para a assistência social. Tá pensando que é o “brinca”? É não. É um abacaxi medonho pra vida da população mais pobre da cidade, que já sofre com falta de CRAS, conselho tutelar, atendimento às vítimas de violência. Por isso que, mesmo quando o assunto parece difícil, como o orçamento, a gente tem que estar é interado. S’intéra?

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Prefeitura projeta cortar R$25 milhões da assistência social para 2020

Atenção à pessoa com deficiência; promoção e defesa dos direitos das mulheres; manutenção dos conselhos tutelares; atendimento às vítimas de violência sexual, idosos e população de rua; prevenção de homicídios na adolescência; promoção da igualdade racial e dos direitos da população LGBT. Essas e outras políticas municipais estarão comprometidas para 2020 se for aprovada a proposta da Prefeitura de Fortaleza do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2020 enviada à Câmara Municipal.

O CEDECA Ceará analisou o PLOA 2020 e constatou que há previsão de redução de R$25 milhões (15,6%) dos recursos da função Assistência Social em comparação à Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2019, ano em que a LOA fixou R$160,4 milhões para assistência social. Para 2020, o montante previsto é R$135,4 milhões.

Acesse a análise em detalhes aqui:

Análise Orçamento Fortaleza 2020

Os cortes estão projetados apesar do cenário de crescimento de gastos municipais. Houve aumento de 10,6% (R$ 854,8 milhões) no orçamento estipulado para 2020 em comparação a 2019. As receitas tributárias de Fortaleza (impostos, taxas e demais contribuições) cresceram 30,2% entre 2013 e 2018, a quinta maior taxa de crescimento entre as capitais brasileiras e a segunda entre as capitais nordestinas. Para 2020, a projeção de crescimento das receitas tributárias do município é de 3,2% (R$ 65,9 milhões).

 

A título de comparação, o orçamento do programa “Segurança Cidadã em Fortaleza” em 2020 será mais do que o dobro deste ano. Passará de R$6,1 milhões para aproximadamente R$12,7 milhões, crescimento de 105,7%.

A previsão anunciada de cortes na assistência social repete o cenário registrado em 2018, quando Fortaleza foi a terceira capital nordestina com menor investimento per capita na área: R$31,5 apenas por habitante.

 

Confirmando o cenário de redução dos investimentos, o Fundo Municipal de Assistência Social (FMAS) e a Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS) também terão cortes. O FMAS e a SDHDS são as principais unidades orçamentárias da assistência social.

Em relação à SDHDS, há uma proposta de redução para 2020 de 33,2% (R$ 19,4 milhões). Em 2019, o valor fixado é de R$ 58,3 milhões. Para 2020, a proposta é que seja R$ 38,9 milhões. Analisando as fontes de recursos, é possível identificar que a redução proposta para a SDHDS é explicada, sobretudo, em virtude da redução de recursos destinados do próprio Tesouro Municipal, e não por causa dos recursos do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS).

Confira em valores absolutos e percentuais os cortes de alguns programas orçamentários do município de Fortaleza

 

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Prefeitura gastou menos de R$1 por mês por criança e adolescente em situação de rua em 2017

Os investimentos da Prefeitura de Fortaleza para atendimento de meninos e meninas em situação de rua caíram 99,8% em quatro anos. É tão pouco dinheiro que única compra de café para o Gabinete do Prefeito custou mais que o dobro do gasto anual com Ponte de Encontro

A Prefeitura de Fortaleza gastou R$0,98 por mês para cada criança e adolescente atendido pelo programa Ponte de Encontro, de abordagem a meninos e meninas em situação de rua na Capital, em 2017. O cálculo foi obtido por levantamento inédito realizado pelo CEDECA Ceará, a partir do cruzamento de dados do orçamento executado e quantidade de atendimentos realizados pelo Ponte.

Atualização >> Ouça entrevista com Renam Magalhães, da equipe do CEDECA Ceará, sobre o tema:

Durante todo o ano de 2017, o programa Ponte de Encontro, vinculado à Fundação da Criança e da Família Cidadã (Funci), executou R$8 mil e atendeu 679 crianças e adolescentes, o que representa um investimento anual e mensal, respectivamente, para cada criança e adolescente atendido/a, de R$ 11,8 e R$0,98. O total destinado à política de atendimento de crianças e adolescentes em situação de rua durante todo o ano de 2017 é a metade do que a Prefeitura gastou em uma única compra de café para o gabinete do Prefeito e suas Coordenadorias em maio de 2018: R$16.960, conforme pode ser conferido neste link.

A ação 1106 (Atendimento a Criança e Adolescente em Situação de Rua – Ponte de Encontro) registrou apenas dois pagamentos em 2017: ambos de R$4 mil, referentes a gasto com conta de luz, conforme pode ser conferido neste link e neste link.

A redução dos investimentos em políticas públicas para crianças e adolescente é uma marca da atual gestão da Prefeitura de Fortaleza, conforme pode ser constatado por qualquer cidadão com acesso ao site da Prefeitura, ao comparar os valores investidos ano após ano. O orçamento do Ponte de Encontro despencou 99,8% em quatro anos. Em 2014, foram destinados R$3,9 milhões para o Programa. Em 2017, os gastos foram irrisórios R$8 mil. A  previsão inicial para o ano passado era de R$8 milhões de investimento na ação, ou seja, apenas 0,1% da verba prevista foi executada.

Ação 1106

Em 2015, ano em que foi registrado ápice dos atendimentos, a população atendida aumentou em 76,6%, e o orçamento executado foi reduzido em 92,5%. Além da queda no orçamento, o CEDECA Ceará tem acompanhado, por meio do Fórum Permanente de Organizações Não Governamentais de Defesa dos Direitos de Criança e Adolescente do Ceará (Fórum DCA), a diminuição do número de educadores do programa, outro fator que impacta nos atendimentos.

O gráfico abaixo mostra a relação entre orçamento executado e número de crianças e adolescentes atendidos pelo Ponte de Encontro.

Veja o gráfico em detalhes aqui: 

 

Outra política pública afetada pela redução orçamentária significativa é o Adolescente Cidadão, de educação profissional. De 2014 a 2017, o orçamento executado do programa foi reduzido em 98,1%, ou seja, saiu de R$ 457,5 mil para irrisórios R$ 8,7 mil.

Como mostrado, a soma dos orçamentos dos programas Ponte de Encontro (R$8 mil) e Adolescente Cidadão (R$8,7 mil) não supera uma única compra de café, em maio de 2018, para o gabinete do Prefeito e suas Coordenadorias (R$16.960).

Falta dinheiro ou falta prioridade no orçamento?

  • Estudo recente do CEDECA Ceará mostrou que Fortaleza é a segunda Capital do Nordeste – e a quarta do Brasil – com menos investimentos em assistência social de crianças e adolescentes. Leia mais aqui. A queda nos investimentos para a população de crianças e adolescentes aconteceu num cenário de aumento de arrecadação;
  • A falta de investimento em atendimento de crianças e adolescentes em situação de rua foi alvo de uma Ação Civil Pública recente. Saiba mais aqui;
  • Segundo informações do site da Prefeitura de Fortaleza, a Fundação da Criança e da Família Cidadã (Funci) “tem como missão promover e executar políticas públicas de defesa e proteção integral de crianças e adolescentes, preconizado no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)”. Suas atividades se desenvolvem por meio dos programas Adolescentes Cidadão, Ponte de Encontro, Rede Aquarela e Plano Municipal pela Primeira Infância de Fortaleza (PMPIF).

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